O «Avante!» foi o jornal comunista clandestino que em todo o mundo,
durante mais tempo, foi sempre produzido no interior de um país dominado
por uma ditadura fascista. Durante décadas – de 15 de Fevereiro de 1931
ao 25 de Abril de 1974 – o órgão central do PCP orientou e mobilizou as
lutas da classe operária e de todos os trabalhadores em pequenas e
grandes batalhas contra o capital e contra o regime fundado por Salazar e
prosseguido por Caetano, orientou e mobilizou sectores democráticos que
perfilharam, com os comunistas, uma política de unidade antifascista
visando o derrubamento da ditadura terrorista dos monopólios e dos
latifúndios aliados ao imperialismo e a conquista da liberdade e da
democracia.
Depois dos primeiros dez anos de existência atribulada, impeditiva de
uma edição regular, que reflectia também a situação do Partido, a nível
político, ideológico, de organização e de defesa perante a ofensiva
repressiva do fascismo, o «Avante!», que sucedia a outras publicações
comunistas anteriores à reorganização de 1929, conduzida por Bento
Gonçalves, passou a ser publicado com regularidade mensal, sem uma
falha, a partir da reorganização de 40/41, em que Álvaro Cunhal teve
papel destacado. E, por várias vezes, fez tiragens quinzenais e
semanais, tendo atingido, durante o período de grandes lutas dos anos
40, o número impressionante de 10 mil exemplares.
Dotado de uma rede de tipografias clandestinas – sempre que uma era
atacada pela PIDE e destruída, ou presos os seus funcionários, outra
tomava imediatamente o testemunho, assegurando sempre a publicação do
jornal – o «Avante!» foi durante essas décadas composto e impresso por
numerosos camaradas, na sua maior parte militantes anónimos, cuja vida
foi dedicada a essa preciosa tarefa.Dispondo de prelos concebidos para facilmente serem desmontados e transportados para novas instalações, utilizando caracteres de chumbo, composto letra a letra, impresso em fino papel «bíblia» - o artigo mais difícil de adquirir sob a feroz vigilância policial, o jornal comunista era depois distribuído por todo o País, pelas organizações que o faziam chegar às massas.
Muitos camaradas arriscaram a vida e a liberdade para manterem a funcionar esse aparelho, sem o qual o PCP - o único partido que resistiu ao fascismo e contribuiu decisivamente para a criação das condições para seu derrubamento - não teria uma voz nacional, influente e prestigiada.
Na vasta galeria de heróis que esta história comporta, muitos nomes ficaram soterrados no tempo. De entre os muitos que dedicaram a vida à feitura e distribuição do «Avante!» destaca-se o nome de José Moreira, responsável pelas ligações com tipografias clandestinas do Partido, assassinado pela PIDE em Janeiro de 1950. Mas a memória de todos os que deram voz ao Partido nos negros tempos do fascismo perdurará.

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