Fundação do PCP

Fundação do PCP
AFundação do PCP

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Um
 grupo capitalista, que ostenta ligações ao poder político, age 
impunemente na Meia Praia. Contra a destruição do Bairro 25 de Abril, os
 moradores têm hoje a mesma união que há mais de 30 anos lhes garantiu o
 direito a viver em casas dignas. O PCP continua ao seu lado.
No final de Novembro, em resposta ao deputado do PCP eleito pelo Algarve, a ministra Assunção Cristas colocou-se ao lado dos interessados em expulsar da Meia Praia as famílias de pescadores que habitam no Bairro 25 de Abril. Paulo Sá questionara o Governo sobre a falta de obras de requalificação (em particular, o não asfaltamento das ruas) e o corte de um caminho centenário (a deixar cerca de um terço da bela baía para uso exclusivo do Palmares Golf Resort, um empreendimento turístico de luxo).
O Governo evocou o Plano de Urbanização da Meia Praia, de 2007, e deu assim toda a cobertura à posição da Câmara Municipal de Lagos, a quem aquele PUMP foi oferecido... pela empresa Palmares. Ali se escreveu que «a área actualmente ocupada pelo Bairro SAAL – 25 de Abril, será renaturalizada, após realojamento da população residente».
A governante também invocou a Rede Ecológica Nacional, para explicar o impedimento ao asfaltamento das ruas. Mas não fez qualquer referência aos diplomas que determinam a utilidade pública dos terrenos, dão total legitimidade e legalidade à construção do bairro e atribuem à Câmara Municipal a responsabilidade das infraestruturas.
«A ideologia classista condenou o bairro à exclusão social», comentou, no blogue da concelhia do PCP, José Veloso, autor do projecto SAAL na Meia Praia. O arquitecto comunista, autor de contundentes e esclarecedores artigos na imprensa local e regional, acompanhou a reportagem do Avante! no bairro, na passada sexta-feira, e tem ali estado frequentemente, com outros camaradas.
Ainda no dia 22 de Outubro houve uma sessão do Partido, no Centro Comunitário do CASLAS (uma IPSS com forte implantação no concelho), onde foi mostrado um filme sobre a construção do bairro. O PCP ofereceu à Associação de Moradores um dossier com a legislação aplicável e um cartaz, colocado desde Novembro no largo principal. Um comunicado do Partido sobre este problema está afixado no café, ponto central do convívio de jovens e de seniores.
Numa breve volta pelas ruas, até ao «muro da vergonha» erguido ilegal e impunemente pela empresa proprietária do resort vizinho, fomos saudados amistosamente. José Veloso cumprimentou ainda alguns moradores do grupo inicial de construtores do projecto que liderou há três décadas e meia.
Contaram-nos que o actual presidente da Câmara, eleito em 2001 por escassos cem votos, que muito se esforçou por angariar com promessas de resolução dos problemas do bairro, há muito tempo não é ali visto. Pelo contrário, muitos recordam que o PCP nunca deu motivos para nele perderem a confiança.

História dá ânimo

Começaram a chamar «índios» aos pescadores que, no início da década de 1970, vieram de Monte Gordo e assentaram arraiais na Meia Praia. Tinham isco e marisco na Ria de Alvor, tinham peixe na Baía de Lagos... e tinham a GNR à perna, a destruir-lhes as barracas cobertas de junco, apanhado nas dunas. O colmo dava uma aparência de aldeia de índios. Resistentes, tanto quanto a sobrevivência exigiu, foram conquistando o espaço.
A revolução de Abril significou, para estes «índios», o direito a terem ali casa digna. Em Agosto de 1974 foi lançado no País o SAAL (Serviço Ambulatório de Apoio Local). José Veloso agarrou esse instrumento e levou a Meia Praia para um processo de participação popular, ainda hoje referenciado quando se trata de habitação social e que deu fama internacional a grandes arquitectos. No Bairro 25 de Abril as casas foram entregues em 1978 a 41 famílias.
Estes moradores fizeram tudo dentro da lei, trabalharam e pagaram, como lhes foi exigido. Tiveram apoios do Estado e têm direitos. Herdeiros de uma história de resistência, os «índios» de hoje estão dispostos a ir à luta, sabendo que as forças são muito desiguais, mas conscientes também de que a sua causa é justa.

Palmares quer dizer...
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Em 1975 implantou-se um campo de golfe na Quinta de Palmares, até aí a maior propriedade agrícola da Meia Praia. Em 2006, a empresa foi comprada pela Onyria, de José Carlos Pinto Coelho, nascida para o negócio no turismo em 1985, na Quinta da Marinha. Cavaco Silva inaugurou aqui um segundo hotel de luxo deste grupo, a 1 de Abril de 2011.
A 11 e 12 de Junho de 2011, a Onyria abriu o Palmares Golf, primeira parte de mais um dos mal afamados PIN (Projectos de Interesse Nacional) de Pinho e Sócrates, e aponta a próxima inauguração para o Verão de 2013 – um hotel de cinco estrelas.
José Carlos Pinto Coelho é presidente da Confederação do Turismo Português, em representação da Associação da Hotelaria de Portugal. A 27 de Setembro do ano passado recebeu do Governo uma medalha de mérito turístico. A Bloomberg aponta-o como conselheiro económico do actual primeiro-ministro.
Outro agraciado foi Henrique Montelobo, antigo dirigente daquelas duas associações patronais, homem forte da Sonae Turismo por mais de uma década (destacando-se nos empreendimentos de Tróia), antigo director-geral do Turismo e hoje administrador da Onyria.
A Onyria expandiu-se também na saúde, com o SMP Serviço Médico Permanente, líder nos serviços domiciliários.
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domingo, 19 de fevereiro de 2012

11 de fevereiro de 2012




Para quem no passado dia 11 de Fevereiro de 2012 se deslocou a Lisboa e teve a ocasião de Participar na Grande Manifestação da organizada pela CGTP Intersindical Nacional ,a única organização sindical que defende os trabalhadores portugueses,e que não se deixa vender por muitas garrafas de champanhe que le sejam ofericidas, pelo governos para assinarem acordos de traição aos Trabalhadores portugueses, como foi o acordo de traição dito de " Concertação Social" assinadopor uma pretensa organização sindical dos trabalhadores portugueses que se denomina  U.G.T.,foi de facto impressionante e digna de se ver a resposta que os trabalhadores deram ao apelo que saiu do xII congresso da CGTP e em que  que foi eleito para secretario geral Arménio Carlos  foi de facto impressionante .
Foi a maior  manifestação desde há30 anos organizada pela CGTP.
conseguiu-se transformar o Terreiro do Paço no Terreiro do Povo.




De Norte a Sul do  Pais  os " Piegas " Portugueses estiveram na Rua em defesa do Pais e da sua independência dizendo nãoa esta politica de agressão aos povos que os governos do PS+PSD+CDS impuseram ao pais.


Ao anuncio da Nova Greve Geral marcada para dia 22 de Março deste ano a CGTP deu mais um passo de ruptura com estas politicas e estes governos.
Como trabalhador e residente no Conselho do Barreiro, saúdo a CGTP ao Marcar esta nova Greve Geral.
Estou convicto que ontem como no Futuro os Trabalhadores e o Povo do Barreiro irão continuar a lutar em defesa dos seus direitos em defesa das Conquista de Abrl ,
Viva a Greve Geral marcada pela CGTP Intersindical Nacional
Viva a Lutas dos Trabalhadores Portugueses e a Luta dos Trabalhadores de Todo o mundo


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Breve História das Greves Gerais

O conhecimento do passado sempre foi fundamental para a compreensão do presente. (...) é útil fazer uma breve digressão histórica sobre este tipo de luta em diferentes momentos da história contemporânea portuguesa.

1911

Começaram em Setúbal os acontecimentos que originaram a primeira greve geral em Portugal. Quando, em 13 de Março de 1911, a recém-criada Guarda Republicana mata duas operárias na Avenida Luísa Todi, na sequência de uma greve dos conserveiros, esse acontecimento tem grande repercussão nacional. De acordo com o jornal O Trabalhador de 2.7.1911, «as mulheres das fábricas de conservas ganhavam 40 réis por cada hora de dia e 50 réis por cada hora de noite e exigiam 50 réis por hora indistintamente». Pela primeira vez o regime republicano mandava reprimir da forma mais dura os operários que tanto tinham contribuído para a revolução de 5 de Outubro de 1910. Os “fuzilamentos de Setúbal”, como ficaram conhecidos na época, marcaram a ruptura entre o movimento operário (predominantemente anarco-sindicalista) e a República.

Como reacção a estes acontecimentos, a comissão executiva do Congresso Sindicalista convoca uma reunião das associações operárias que proclamaram, para o dia 20 de Março de 1911, uma paralisação do trabalho por 24 horas, em solidariedade com os operários de Setúbal.

Pela primeira vez se fala em greve geral em Portugal. Em Lisboa, registam-se incidentes, no Terreiro do Paço, entre grevistas e forças de cavalaria. Segundo o jornal O Mundo, de 21 de Março, «para os lados do Beato, Poço do Bispo e Xabregas, trabalham uns vinte mil operários; pois trabalhavam apenas ontem dois mil». Na capital «paralisaram cerca de 65000 operários». A greve afecta sobretudo Lisboa, a margem sul do Tejo e o Alentejo.

1912

Os anos imediatamente após o 5 de Outubro são de intensos conflitos sociais. Em Janeiro de 1912, os trabalhadores rurais da zona de Évora iniciam uma greve originada no desrespeito de um acordo salarial por parte dos proprietários. O Governador Civil resolve encerrar a Associação dos Trabalhadores Rurais e prender os sindicalistas mais activos. Esta atitude provoca uma paralisação de todas as classes dos trabalhadores eborenses. O poder responde com o encerramento de todas as associações operárias e cargas da Guarda Republicana contra as manifestações sindicalistas, levando à morte de um trabalhador.

Face a esta situação, é proclamada, em Lisboa, a greve geral de solidariedade com os trabalhadores de Évora, a 29 de Janeiro. A greve tem muita adesão em Lisboa, com vários incidentes na baixa e na margem sul do Tejo. Na Moita, o Administrador do Concelho foi morto pela multidão em revolta.

Na noite de 30 de Janeiro, em Lisboa, quando uma grande multidão se reunia na Casa Sindical (vizinha do jornal O Século), as autoridades organizam uma verdadeira operação militar contra os sindicalistas. O edifício foi evacuado, sob a ameaça de ser destruído pela artilharia e 700 pessoas seguiram entre baionetas, muitos cantando A Internacional, para o Arsenal de Marinha e dali para bordo de alguns navios de guerra no Tejo.

1917-1918

A I Guerra Mundial agravou a situação social do país. Em 1917, duas greves gerais de solidariedade são proclamadas pela União Operária Nacional (confederação criada em 1914). Em Junho, aquando de um movimento grevista da construção civil, a polícia invadiu a sede da UON, na Calçada do Combro, prendendo todos os que ali se encontravam e disparando sobre quem estava nas imediações. No dia 16, é proclamada a greve geral que ao fim de 48 horas conseguiu obrigar o poder a libertar os grevistas presos.

Em Setembro, aquando de uma greve dos correios e telégrafos, o governo mobilizou e militarizou todo o pessoal e prendeu um milhar de grevistas. A UON proclamou a greve então a greve geral de solidariedade. Lisboa é ocupada militarmente e ocorrem vários confrontos. A greve tem também adesão em Almada, Setúbal, Barreiro e Seixal.

Em 1918, durante a ditadura de Sidónio Pais, face ao agravamento insuportável do custo de vida, a UON decide juntar as reivindicações sectoriais num único movimento, preparado com antecedência. A greve geral foi marcada para 18 de Novembro e preparada com antecedência em comícios e sessões, na sua maioria proibidos pelas autoridades, que chegaram a fuzilar trabalhadores rurais em Montemor-o-Novo e Alpiarça. Dois acontecimentos prejudicaram a adesão para a data escolhida: a pneumónica (terrível epidemia que dizimou milhares de vítimas) e o armistício de 11 de Novembro (o fim da guerra trouxe infundadas esperanças). O movimento registou a maior adesão entre os rurais do Alentejo e os ferroviários de Sul e Sueste. Em Évora a greve durou 8 dias. Em Odemira e no Vale de Santiago a repressão foi especialmente dura, com deportações de rurais para a África. Foram fuzilados trabalhadores na Moita e em Portimão.

1934

Em 18 de Janeiro de 1934, uma greve geral revolucionária ergue-se contra a ditadura instaurada pela oligarquia económica que a partir de 1926 tenta aniquilar o movimento sindical tão dinâmico durante a I República. Com o direito à greve proibido e a polícia política em acção, corajosos militantes vão contestar a fascização dos sindicatos decidida pelo regime de Salazar. Orientam clandestinamente o movimento, a CGT (Confederação Geral do Trabalho, anarco-sindicalista) e a Comissão Inter-Sindical (ligada ao PCP).

O movimento tem maior expressão na Marinha Grande, onde a vila é tomada pelos grevistas que desarmam a GNR. Mas tem igualmente expressão nas zonas operárias de Lisboa, Barreiro e Setúbal, bem como em Silves e em Coimbra.

A repressão da ditadura é brutal com inúmeras prisões. 57 dos 150 presos que vão inaugurar o Campo de Concentração do Tarrafal, participaram no 18 de Janeiro e muitos lá morrem.

APÓS O 25 DE ABRIL

Depois da Revolução de 25 de Abril, apesar da explosão de conflitos sociais em 1974/75, foi necessário esperar por 1982 para se voltar a falar de greve geral.

Em 12 de Fevereiro de 1982, em protesto contra o primeiro Governo de direita após a Revolução de Abril, presidido por Francisco Pinto Balsemão, é convocada uma greve geral, pela CGTP-Intersindical e sem a adesão da UGT. Decorre sob a palavra de ordem “Uma só solução, AD fora do Governo”, exigindo a demissão do Governo da Aliança Democrática (coligação dos partidos de direita, PPD, CDS e PPM). Aderiram um milhão e meio de trabalhadores, segundo fontes sindicais.

Três meses depois, em 11 de Maio, é convocada nova greve geral pela CGTP-IN, em protesto contra a morte de dois operários, vítimas de uma acção policial, no dia 1º de Maio. Tudo se passou no Porto, quando a CGTP¬ IN pretendeu comemorar a data na Praça da Liberdade, foi proibida pelo Governo Civil que ordenou uma acção da Corpo de Intervenção da PSP. Os incidentes prolongaram-se por várias horas e deles resultaram dois mortos, causados pela acção policial. Face a esta atitude repressiva, a resposta do movimento sindical foi a convocação de uma greve geral de protesto.

A 28 de Março de 1988, durante o Governo de Cavaco Silva, foi convocada outra greve geral. Tratava¬ se de um protesto que primordialmente se dirigia contra o “Pacote Laboral” que visava enfraquecer os direitos dos trabalhadores, facilitar os despedimentos e o trabalho precário. Esta greve geral teve a particularidade de reunir a CGTP e a UGT na luta contra o “cavaquismo”.

Em 10 de Dezembro de 2002, nos anos da coligação PSD/CDS-PP, encabeçada por Durão Barroso, foi convocada nova greve geral. Visando agora protestar contra o aumento do desemprego, a instabilidade dos vínculos laborais e a destruição dos serviços públicos, a greve foi convocada pela CGTP e não contou com a adesão da UGT.


Nossa Adenda
A CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses) convocou 5 greves gerais desde o 25 de Abril de 1974.

A primeira greve geral após o 25 de Abril teve lugar a 12 de Fevereiro de 1982. Foi uma greve de carácter político, bem patente no seu primeiro objectivo: "Uma só solução, AD fora do Governo!" Francisco Pinto Balsemão era quem chefiava o terceiro governo da Aliança Democrática, baseada numa coligação PSD/CDS.
Nesse mesmo ano registaram-se no Porto confrontos de rua no 1º de Maio e dos quais resultara 4 sindicalistas mortos pela polícia. Como forma de protesto contra a repressão, e em defesa das liberdades, a CGTP convocou de imediato uma segunda greve geral, que se realizou a 11 de Maio.
A terceira greve, de 28 de Março de 1988, foi diferente de todas as outras, na medida em que foi a única apoiada pela UGT, uma invenção tardia dos aparelhos dos partidos (PS, PSD e CDS/PP) e financiado do estrangeiro pelas agências do costume. Foi desencadeada contra o pacote laboral e o projecto da Lei dos Despedimentos em vias de ser aprovada pelo governo de Cavaco Silva que possuía então uma maioria absoluta no Parlamento. Segundo se consta a paralisação terá sido apoiada pelo também então Presidente da República, Mário Soares, que pertencia a uma família polítca-partidária diferente da do primeiro-ministro.
A quarta greve foi em 10 de Dezembro de 2002. Governavam Durão Barroso e Paulo Portas. O seu objectivo era protestar contra o novo Código de Trabalho, da autoria de Bagão Félix.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Debate

Vai ser organizado pela Comissão de Freguesia do PCP do Alto do Seixalinho (Barreiro) um debate  a ter lugar no proximo dia 25 de Fevereiro sobre o tema do livro verde da Reforma Administrativa, na Comissão de Moradores do bairro 3, a partir das 15h00.
Comparece, Participa


Os Fundadores do Socialismo Cientifico Vida e obra de karl Marx

Karl Marx

Homem de Ciência e Lutador Socialista
“ …Assim como Darwin descobriu a lei do desenvolvimento da natureza orgânica, Marx descobriu a lei do desenvolvimento da natureza humana. … Marx descobriu também  a lei específica que move o atual modo de produção capitalista e a sociedade burguesa criada por ele”. Mas ele não se contentava com os estudos, com as brilhantes conclusões a que chegava como resultado de suas investigações. O que considerava a verdadeira missão de sua vida?  “ …Marx era, acima de tudo, um revolucionário. Cooperar para a derrubada da sociedade capitalista, contribuir para a emancipação do proletariado. A luta era seu elemento.” (Engels, discurso no túmulo de Marx em 17/3/1883).
O interesse pelo estudo, pela pesquisa, para entender os fenômenos em sua essência e não apenas em sua aparência, acompanhou desde a mais tenra idade Karl Einrich Marx, que nasceu em Treves (Prússia, Alemanha) no dia 5 de maio de 1818. O pai, Einrich Marx e a mãe, Henriqueta Pressburg eram de origem judaica.
Os primeiros estudos foram no Liceu de Treves, mas ele não se limitava aos ensinamentos da escola. Freqüentava a casa de Ludwig de Westafalen, funcionário do governo prussiano e homem de vasta cultura. Outro fator também atraía o garoto: uma bela menina, Jenny, filha do sábio amigo e também muito interessada em beber na fonte do conhecimento. Com ela, Marx casar-se-ia aos 26 anos e viveria a vida inteira.
Em 1835, foi para a Universidade de Bonn mas logo se transferiu para a de Berlim, “centro de toda cultura e de toda a verdade”, assim a classificava o filósofo Hegel… Foi nela que depois de muito estudo, muita reflexão, se tornou um jovem hegeliano. Marx dedicou-se ao estudo da filosofia, do direito, da história, da geografia e expressava essa ânsia de saber nas cartas ao pai e em poesias.
Abandonou cedo os estudos de Di-reito para aprofundar os conhecimentos filosóficos e obteve o título de doutor em 1841. Tentou uma vaga de livre docente, mas as universidades prussianas não simpatizavam com livres pensadores.
A oportunidade de trabalho surgiu quando um grupo de liberais da Renânia fundou um jornal, a Gazeta Renana e convidou os jovens hegelianos para a redação. Constatou então que para escrever sobre questões da atualidade, como as teorias do socialismo francês e as questões agrárias da Renânia, não bastava o saber filosófico, tornando-se necessário estudar a fundo a Economia Política e o Socialismo.
Os estudos da economia política e do socialismo levaram Marx a romper com a visão hegeliana e aderir ao comunismo. Em outubro de 1843, morando em Paris com Jenny, com quem se casara em setembro desse ano, escreveu em Anais Franco-alemães, publicação que dirigiu: “… O sistema de lucro e do comércio, da propriedade privada e da exploração do homem, acarreta no seio da sociedade atual, um dilaceramento que o antigo sistema é incapaz de curar porque ele não cria nem cura, mas apenas existe e goza”.
Anais Franco-alemães publicou um trabalho intitulado Esboço de uma Crítica da Economia Política, que Max classificou de genial. Era de autoria de Friedrich Engels, que por sua vez acompanhava com admiração os escritos de Marx. Os dois se encontraram em Paris em setembro de 1844, ocasião em que nasceu uma amizade e uma parceria ímpares e fundamentais para a elaboração da teoria do socialismo científico (Sobre Engels, V. A Verdade nº 47).
Até ser expulso da França em 1845, a pedido do governo prussiano, Marx conviveu com os operários, conheceu seus movimentos, os socialistas utópicos e teóricos como Proudhon, com quem estabeleceu uma polêmica.
Proudhon escreveu A Filosofia da Miséria, obra em que criticava os utópicos, que pretendiam construir uma nova ordem social “sobre os sentimentos paradisíacos de fraternidade, de amor, de abnegação”. Propunha ação concreta, mediante a criação de grupos de produção autônomos, que trocariam entre si os produtos criados por eles, prescindindo da moeda e estabelecendo relações de cooperação e solidariedade. As atividades seriam organizadas de acordo com as necessidades da Comunidade.
Marx respondeu em A Miséria da Filosofia que Proudhon não compreen-deu que as relações sociais entre os homens estão estreitamente ligadas às forças produtivas. No capitalismo, à medida que a burguesia se desenvolve, surge um novo proletariado; uma luta é travada entre a classe proletária e a burguesia, dado o caráter contraditório do sistema, pois as mesmas condições nas quais se produz a riqueza se produz a miséria. A única solução justa, diz Marx, porque provém da situação real, é organizar a classe oprimida para tornar a luta consciente. No decorrer dessas lutas é que nascerá a nova sociedade; aliás, ressalta, isso só poderá se suceder quan-do as forças produtivas tiverem atingido elevado grau de desenvolvimento.
O Manifesto Comunista e a organização do proletariado
Expulso de Paris, Marx foi para Bruxelas, onde ingressou na Liga dos Comunistas, organização dos operários alemães imigrados, à qual já pertencia Engels. A Liga definiu seus princípios e atribuiu a Marx e Engels a tarefa de dar-lhes forma e fundamentação teórica. Nasceu o Manifesto Comunista publicado em 1848, que se tornou a bíblia do movimento operário revolucionário. O Manifesto trata de três temas essenciais:
  1. a história do desenvolvimento da burguesia. Sua obra positiva e negativa;
  2. a luta de classe e o papel do proleta-riado;
  3. a ação revolucionária dos comunistas.
Mal é editado o Manifesto Comunista, eclode a revolução de 1848, que destrona a monarquia reinstalada na França pela burguesia, e se espalha por toda a Europa. Marx foi imediatamente preso e expulso de Bruxelas. Engels conseguiu se engajar no movimento revolucionários e participou de várias batalhas. Com a derrota, deixou o país. Ambos foram viver na Inglaterra, Marx em Londres e Engels em Manchester, mas comunicavam-se diariamente e voltaram a ser vizinhos 20 anos depois. Nesse período, Marx se dedicou à elaboração de O Capital, sua principal obra, e aos contatos com o movimento operário.
A idéia surgiu da correspondência entre militantes operários da Inglaterra e da França e em setembro de 1864 se fundou a Associação Internacional de Trabalhadores. A mensagem inaugural, redigida por Marx, destaca a necessidade de uma ação econômica e política da classe operária em favor da transformação da sociedade. Marx dedicou-se á Internacional de 1865 a 1871, ano em que ela foi dissolvida, graças à ação dos anarquistas seguidores de Michael Bakunine (ativista russo).
Pai doce, terno e indulgente
Foi a Internacional que levou o jovem militante Paul Lafargue a conhecer Marx, de quem se tornou discípulo, amigo, admirador e genro, pois se casou com Laura, uma de suas três filhas (O casal Marx/Jenny teve seis filhos – quatro meninas e dois meninos-, dos quais só três meninas sobreviveram (Jenny, Laura e Eleanor).
É Lafargue quem detalha aspectos da vida pessoal de Marx, destacando sua energia incansável para os estudos e para a ação. Seu cérebro não parava e durante as caminhadas que faziam no final da tarde, discorria sobre questões relativas ao capital, obra que estava elaborando na época e da qual só redigiu o I Volume, tendo Engels escrito os dois seguintes, a partir das anotações que o amigo deixou.
Quando cansava do trabalho científico, lia romances, dramaturgia  conhecia de cor as obras de Shakespeare  ou álgebra (chegou a escrever um trabalho sobre cálculo infinitesimal). Os domingos eram reservados para as filhas, uma exigência delas. “Pai doce, terno e indulgente, não dava ordens, pedia as coisas por obséquio, persuadia-as a não fazer aquilo que contrariasse seus desejos. E como era obedecido! As filhas não o chamavam de pai e sim de “mouro”, apelido que lhe deram por causa de sua cor mate, de sua barba e dos cabelos negros”.
O proletariado tomou o céu de assalto
Em fins de 1870, o proletariado francês voltava a efervescer e uma insurreição se anunciava. O Conselho Geral da Associação Internacional dos Trabalhadores avaliou que não havia amadurecimento das condições objetivas para assegurar o poder da classe operária e implantar o socialismo e emitiu resolução redigida por Marx, apelando para que “… utilizem, tranqüilamente e com energia, os meios que lhe oferecerem as liberdades republicanas a fim de poderem efetivar a organização de sua própria classe. Isso lhes proporcionará forças novas e gigantescas para a renascença da França e a realização da tarefa comum: a libertação do proletariado”.
Mas os operários parisienses não deram ouvidos; cansados da política antidemocrática, humilhados, no dia 18 de março de 1871 tomaram o poder e instalaram a Comuna de Paris, anunciando as primeiras medidas de construção de uma sociedade socialista. A duração foi efêmera, mas rica de experiências que Marx consolidaria na sua obra Guerra Civil na França.
A Internacional deu todo o apoio possível ao proletariado francês em luta, tanto durante a guerra, como depois, protegendo os exilados e denunciando ao mundo a cruel repressão que a burguesia desencadeou sobre os operários parisienses e suas famílias.
Os últimos anos
Foram de sofrimento, com as doenças que lhe atingiram e à mulher, Jenny, que faleceu no dia 2 de dezembro de 1881. Ao tomar conhecimento do fato, Engels comentou “O mouro morreu também”. E não se enganava. Já debilitado, com problemas pulmonares , no dia 14 de março de 1883, o genial pensador faleceu repentinamente enquanto repousava nu-ma cadeira em seu aposento de trabalho.
No sepultamento, sem cerimonial, como era seu desejo, junto à esposa, colaboradora e companheira de toda a vida, Engels discursou: “ …É praticamente impossível calcular o que o proletariado militante da Europa e da América e a ciência histórica perderam com a morte deste homem….”
Legado e atualidade do marxismo
“Os filósofos buscam interpretar o mundo, enquanto nós queremos transforma-lo”, assim diferenciava Marx o materialismo histórico e dialético da filosofia clássica e mesmo da hegeliana. E o marxismo tem sido, de fato, guia para ação dos movimentos revolucionários dos trabalhadores em todo o mundo.
Apressada, a burguesia comemorou a derrocada dos regimes ditos socialistas da URSS e do leste europeu no final dos anos 80 e início da década de 90 e chegou a propalar o “fim da história”, deixando de observar que a tragédia se deu exatamente porque os dirigentes, atraídos pelo canto de sereia burguês, se desviaram do marxismo que norteou a Revolução Bolchevique de 1917, dirigida por Lênin, um genial discípulo de Marx.
Mas não demorou  e o champanhe foi substituído por lágrimas, em decorrência dos conflitos que se sucederam nos quatro cantos do mundo e atingiram o centro do imperialismo.
Ao contrário, a evolução do capitalismo só tem comprovado as teses marxistas e seu caráter científico.
Globalização! Por que a surpresa?
Nas suas jogadas de marketing, os teóricos da burguesia e seus meios de comunicação apresentaram a chamada “globalização” como algo novo, avassalador que suplantaria qualquer resistência e bloquearia qualquer tentativa de transformação social. Ora, o capitalismo tem caráter mundial desde o seu surgimento, O que foram as grandes navegações? A colonização?  É de sua essência, como afirmou o Manifesto Comunista, no ano de 1848: “ …Pela exploração do mercado mundial, a burguesia imprime um caráter cosmopolita à produção e ao consumo em todos os países.”
Os fatos recentes comprovam também que enquanto mais se desenvolve, mais o capitalismo “forja as armas que o levarão à morte”. A produtividade é cada vez maior, mas o avanço tecnológico que a possibilita, produz um exército permanente de desempregados e comprime os salários dos que permanecem na ativa, reduzindo assustadoramente o número de consumidores. Por isso, as crises se repetem em ciclos cada vez menores e atingem tanto a periferia como os países centrais. Seu declínio e a vitória do proletariado são, portanto, inevitáveis.
Essa vitória não é automática, entretanto. Ela carece da ação do proletariado consciente e organizado enquanto classe “para si”, tendo à frente os comunistas, “parcela mais decidida e avançada dos partidos operários de cada país” e que têm uma visão internacionalista, capaz de fomentar a união mundial dos oprimidos, realizando a conclamação com que Marx e Engels concluíram o Manifesto: “Proletários de todos os países, uni-vos”.
Através dos séculos
Para finalizar essa tarefa hercúlea, falar sobre Marx em uma página,  queda a minha pena, incapaz de expressar algo diferente ou que se aproxime, pelo menos, do que proferiu Engels ante o túmulo em que foi depositado o corpo do grande pensador e herói do proletariado: “ …o homem mais odiado e caluniado pela burguesia morreu venerado e querido, chorado por milhões de trabalhadores da causa revolucionária. Seu nome viverá através dos séculos e, com ele, sua obra”.

Lenine o Geneo da Humanidade

Lênin – O gênio do proletariado

“Simples como a verdade, no rosto brilhavam e flamejavam aqueles olhos agudos de combatente infatigável contra as mentiras e os males da vida”
(Maximo Gorki)
1870 – 10 de abril no calendário antigo, 22 no atual: nasce Vladimir Ilich Ulianov na pequena cidade de Simbirsk (Ulianovsk) situada a 1.500 Km de S. Petersburgo, então capital do vasto império russo. Sob a tirania dos Romanov, a Rússia era, autocraticamente, governada pelo czar (imperador) Alexandre II.
1879 – Freqüentando o Liceu de Simbirsk (1879-1887), Vladimir Ilich conheceu cedo as obras dos grandes escritores russos: Pushkin, Gogol, Turgueniev, Tolstoi, Dostoievski, Bielinski, Herzen, Tchernichévski… Os dois últimos organizaram a primeira sociedade secreta de oposição ao czarismo: Vontade do Povo.
1887 – Alexandre Ulianov (Sacha), ir-mão de Vladimir, é enforcado, em março, aos 21 anos, por ter preparado as bombas que não chegaram a matar o czar. Em agosto, Ilich inicia o curso de Direito na Universidade de Kazã, sendo expulso, em dezembro, por participar de discussões sobre aspectos retrógrados do regimento da Universidade. Com sua prisão, dá-se o seu batismo revolucionário.
1891 – Permitido somente prestar exames, sem direito a freqüentar a Universidade de S. Petersburgo, Vladimir Ilich Ulianov estudou sozinho todas as matérias do curso de direito, bacharelando-se com as melhores notas entre 134 estudantes regulares do curso.
Primeiras ações na clandestinidade
1894 – Clandestinamente, foi impresso seu primeiro livro, Quem são os “Amigos do Povo” e como lutam contra eles os Social -Democratas, no qual V. I. Ulianov desenvolveu a tese da aliança do operariado com o campesinato.
1895 – Ilich consegue aglutinar os diversos círculos marxistas de S. Petersburgo numa única organização política – União de Luta pela Libertação da classe operária -, que invadida, foi destruída pela Okhrana (polícia política secreta czarista). Vladimir é preso juntamente com outros membros da organização.
1897 – sem julgamento, IIich é condenado a três anos de desterro na aldeia siberiana de Chuchenskoe, onde, além de se dedicar ao estudo de várias línguas, escreveu mais de trinta trabalhos importantes, terminando, inclusive, o Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia. Em Chuchenskoe, Vladimir se casa com Nadejda Krupskaia (Nádia), professora que conhecera num círculo de S. Petersburgo, também condenada ao desterro.
1900 – em janeiro, findo o desterro, Ulianov dirige-se para Ufá. O POSDR (Partido Operário Social-Democrata Russo), fundado em Minsk, em 1898, por insistência de Ilich na realização de seu I Congresso, aprova a publicação de um jornal que seria o seu órgão oficial. Vladimir decide publicá-lo no exterior, devido à truculenta repressão da Okhrana na Rússia.
Em dezembro, quase inteiramente elaborado por Ulianov, é lançado em Munique, sul da Alemanha, o primeiro número do Iskra (A Centelha), que trazia, no cabeçalho, a epígrafe: Da centelha saltará a chama.
1901- A revista Zariá (Aurora), editada pela redação do Iskra, publica parte do artigo A Questão Agrária e os Críticos de Marx, assinado por Lênin, pseudônimo derivado de Lena, o grande rio navegável da Sibéria. Daí em diante, embora ele tenha usado outros pseudônimos, o mundo passou a conhecer Vladimir Ilich Ulianov como Lênin.
1902/16 – Nos quinze anos que precederam a revolução socialista de 1917, Lênin viveu praticamente fora da Rússia, com exceção de pequeno período durante a primeira Revolução russa (1905-1907). “Líder puramente por virtude do intelecto”, como se referiu a ele John Reed, Lênin causou a todos que o conheceram a indelével impressão de ser portador de um cérebro muito privilegiado.
1902 -  foi publicado, em Stuttgart, o seu livro Que Fazer?
O bolchevismo se organiza em Partido de novo tipo
Em 1903, na cisão do POSDR, durante seu II congresso, concluído em Londres, surge o “partido de novo tipo”, bolchevique, revolucionário, liderado por Lênin. “O bolchevismo existe como corrente de pensamento político e como partido político desde 1903″, ele escreveu, mais tarde, em Esquerdismo, doença Infantil do Comunismo.
Em agosto de 1914, o imperialismo (especialmente o alemão) deflagrou a Primeira Guerra Mundial, que causou milhões de mortos e incontáveis desgraças às massas populares. Conclamando os povos a declararem guerra à guerra, Lênin redigiu um grande manifesto, propondo a conversão da guerra imperialista em guerra civil: as armas deveriam voltar-se não irmão contra irmão, trabalhadores assalariados de um país contra outro, mas contra os governos burgueses, reacionários e opressores. “O fim das guerras, a paz entre os povos, o fim das pilhagens e violência – tal é o nosso ideal”, deixou o líder bolchevique consignado em A Questão da Paz. ” O desarmamento é o ideal do socialismo”, escreveu em Sobre a Palavra de Ordem do Desarmamento.
Sem interromper suas atividades político-partidárias, Lênin ministrou numerosas conferências em várias cidades européias, e escreveu, em 1915/16, uma série de livros e trabalhos: Cadernos Filosóficos, continuação de Materialismo e Empiriocriticismo  de 1908, O Socialismo e a Guerra, A Revolução Socialista e o Direito das Nações à Autodeterminação, Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo, terminado no verão de 1916, em Zurique, sua última cidade fora da Rússia.
“Espero, herr Ulianov, que na Rússia o senhor não tenha de trabalhar quanto aqui” – disse seu locador, despedindo-se; ao que Lênin redargüiu: – “Creio, herr Kammerer, que em Petrogrado irei ter muito mais trabalho!”
O Poder para o Proletariado: “Paz, Terra e Pão”!
1917 – Às 23 horas de 3 de abril, Lênin chega à estação Finlândia da capital pátria. Milhares de trabalhadores agitam bandeiras vermelhas, saudando-o com entusiásticas aclamações. O Líder discursa: “Camaradas! . O povo precisa de paz, o  povo precisa de pão, o povo precisa de terra. Eles lhes dão guerra, fome e nada de pão – deixam os proprietários continuarem controlando a terra… Precisamos lutar pela revolução … Viva a revolução socialista mundial!” .
“Foi extraordinário”, afirma o escritor N. Sukhanov, que não era bolchevique. Rodeado pelo povo, Lênin é conduzido à sede do Partido, e, daí, com Krupskaia, dirige-se à casa da irmã Ana, onde depara, sobre a cama do quarto que lhes fora preparado, um cartaz: “Proletários de todo o mundo, uni-vos!”.
Entre a queda do czar (fevereiro/1917) e a tomada do poder pelos bolcheviques em outubro, a Rússia viveu uma revolução social de baixo para cima sem precedente na história da humanidade.
Na fria noite de 24 de outubro, saindo de vez da clandestinidade, Lênin vestiu o velho sobretudo e, enrolando um cachecol no pescoço, encaminhou-se para o Instituto Smolny, Estado-Maior da revolução, onde pôs-se a dirigi-la pessoalmente: ordenou à Guarda Vermelha que ocupasse todas as posições estratégicas da capital. Afinal chegara o momento para o qual criara o mais eficiente partido revolucionário do mundo.
Na manhã de 25 de outubro de 1917, com exceção do Palácio de Inverno, sede do governo provisório, as principais instituições de Petrogrado (S. Petersburgo) estavam sob o controle da Guarda Vermelha. À noite, o Palácio de Inverno foi tomado de assalto, vencendo, assim, sem morticínio, num país que contava cerca de 150 milhões de habitantes, a Revolução Socialista de outubro, primeira revolução proletária do planeta.
À tarde de 26 de outubro, ante o II Congresso dos Soviets, reunido no Smolny, Lênin vê aprovados, por unanimidade, os seus dois primeiros decretos soviéticos: Sobre a Paz e Sobre a Terra. Este abolia a propriedade latifundiária da terra sem qualquer indenização, constituindo-se no ponto de partida de uma nova era para a Rússia. O Decreto Sobre a Paz estigmatizou a guerra como o maior crime contra a humanidade.
Elegendo o Conselho de Comissários do Povo, com Lênin a presidi-lo, o II Congresso dos Soviets de toda a Rússia escolheu, entre outros, para o Comissariado (Ministério) das Nacionalidades, Stálin; Trostky para o das Relações Exteriores, encerrando-se seus trabalhos ao som de A Internacional.
O povo soviético derrotou 14 países capitalistas
1918/23 – no dia 4 de janeiro de 1918, o Pravda publicou um dos documentos mais notáveis da História Universal, a Declaração dos Direitos do Povo Trabalhador e Explorado, redigida por Lênin, que destacava a principal tarefa do poder Soviético: a eliminação da exploração do homem pelo homem.
Em março, por questões estratégicas, o governo transfere-se para Moscou, que se torna a capital da nova República, passando Lênin a residir e trabalhar no Kremilin (cidadela).
Dizendo ser necessário “estrangular a criança bolchevique no berço”, Winston Churchill anuncia uma “campanha de 14 estados” contra a Rússia soviética, desencadeando-se, então, de meados de 1918 a meados de 1921, uma guerra de intervencionistas estrangeiros e contra-revolucionários (guardas brancos), custando à recém-fundada República milhões de vidas e incalculável devastação econômica.
O desempenho de Lênin, durante a guerra civil e intervenção militar estrangeira, foi excepcional. Sob sua direção, traçavam-se operações militares, forjando-se nos combates o Exército Vermelho. Possuindo uma profunda compreensão da psicologia das massas, o líder soviético a todos cativava: “Tudo para a frente, tudo para a vitória!” era sua palavra de ordem.
Apesar do enorme trabalho de organização e defesa do Estado, ele inaugurou a III Internacional (Comintern), em março de 1919. No verão desse ano, falando a estudantes, finalizou sua conferência “Sobre o Estado” com as palavras: “E quando no mundo já não houver possibilidade de explorar… já não acontecer que uns se fartam enquanto outros passam fome… atiraremos essa máquina para o monte de sucata. Então, não haverá Estado e não haverá exploração.”
Derrotadas pelo Exército Vermelho todas as forças estrangeiras e contra-revolucionárias que tentaram sufocar o nascente socialismo na Rússia, Lênin encheu-se de legítimo orgulho: “Resistimos contra todos.” E, implantada, em 1921, a NEP (Nova Política econômica), elaborada por ele, reforçou-se a aliança do operariado com o campesinato, consolidando-se o Poder Soviético, premissa indispensável de todo o desenvolvimento posterior da Rússia socialista.
Mas em conseqüência do imenso esforço e trabalho que até então realizara, passados trinta anos sem descanso, Lênin entrou em profunda estafa, adoecendo no inverno de 1921. Escreveu a Máximo Gorki: “Terrivelmente cansado. Insônia. Vou tratar-me.”
Submetendo-se a rigoroso tratamento médico, o líder soviético melhorou no decorrer de 1922, ditando seus últimos trabalhos no início de 1923. Suas obras completas estão reunidas em 55 alentados volumes.
Para sempre na luta dos oprimidos
1924 – No dia 21 de janeiro de 1924, após o jantar, Lênin recolheu-se em seu quarto, na casa de repouso em Gorki, aldeia próxima a Moscou, onde convalescia. De repente, sua temperatura subiu bruscamente, a respiração tornou-se difícil, ficou inconsciente, sucumbindo a um derrame cerebral – eram 18 horas e 50 minutos.
A notícia propagou-se rapidamente pelo mundo. Sun-Yan-Sen finalizou emocionado discurso fúnebre, ao receber a notícia de sua morte: “Na memória dos povos oprimidos, tu viverás durante séculos, grande homem!”  O médico e empresário norte-americano, Armand Hammer, que assistiu aos funerais do líder da primeira revolução socialista vitoriosa da Terra, escreveu: “Nenhum rei, imperador ou papa recebeu uma derradeira homenagem como aquela.”  Embalsamado, Vladimir Ilich Ulianov encontra-se na Praça vermelha, centro de Moscou.

O Avante clandestino




O «Avante!» foi o jornal comunista clandestino que em todo o mundo, durante mais tempo, foi sempre produzido no interior de um país dominado por uma ditadura fascista. Durante décadas – de 15 de Fevereiro de 1931 ao 25 de Abril de 1974 – o órgão central do PCP orientou e mobilizou as lutas da classe operária e de todos os trabalhadores em pequenas e grandes batalhas contra o capital e contra o regime fundado por Salazar e prosseguido por Caetano, orientou e mobilizou sectores democráticos que perfilharam, com os comunistas, uma política de unidade antifascista visando o derrubamento da ditadura terrorista dos monopólios e dos latifúndios aliados ao imperialismo e a conquista da liberdade e da democracia.
Depois dos primeiros dez anos de existência atribulada, impeditiva de uma edição regular, que reflectia também a situação do Partido, a nível político, ideológico, de organização e de defesa perante a ofensiva repressiva do fascismo, o «Avante!», que sucedia a outras publicações comunistas anteriores à reorganização de 1929, conduzida por Bento Gonçalves, passou a ser publicado com regularidade mensal, sem uma falha, a partir da reorganização de 40/41, em que Álvaro Cunhal teve papel destacado. E, por várias vezes, fez tiragens quinzenais e semanais, tendo atingido, durante o período de grandes lutas dos anos 40, o número impressionante de 10 mil exemplares. Dotado de uma rede de tipografias clandestinas – sempre que uma era atacada pela PIDE e destruída, ou presos os seus funcionários, outra tomava imediatamente o testemunho, assegurando sempre a publicação do jornal – o «Avante!» foi durante essas décadas composto e impresso por numerosos camaradas, na sua maior parte militantes anónimos, cuja vida foi dedicada a essa preciosa tarefa.
Dispondo de prelos concebidos para facilmente serem desmontados e transportados para novas instalações, utilizando caracteres de chumbo, composto letra a letra, impresso em fino papel «bíblia» - o artigo mais difícil de adquirir sob a feroz vigilância policial, o jornal comunista era depois distribuído por todo o País, pelas organizações que o faziam chegar às massas.
Muitos camaradas arriscaram a vida e a liberdade para manterem a funcionar esse aparelho, sem o qual o PCP - o único partido que resistiu ao fascismo e contribuiu decisivamente para a criação das condições para seu derrubamento - não teria uma voz nacional, influente e prestigiada.
Na vasta galeria de heróis que esta história comporta, muitos nomes ficaram soterrados no tempo. De entre os muitos que dedicaram a vida à feitura e distribuição do «Avante!» destaca-se o nome de José Moreira, responsável pelas ligações com tipografias clandestinas do Partido, assassinado pela PIDE em Janeiro de 1950. Mas a memória de todos os que deram voz ao Partido nos negros tempos do fascismo perdurará.